São Miguel das Missões homenageia o cantor (in memória) Cenair Maicá
A homenagem, na forma de estátua, obra do artesão, Vinícius Ribeiro, está plantada ao lado da Rua Santo Ângelo, uma quadra antes do hospital na comunidade.
Cenair, cantor famoso, morou por um período em São Miguel das Missões e algumas figuras do município resolveram prestar esta homenagem a ele, aqui, em gratidão por sua obra.
Além de São Miguel das Missões, Santo Ângelo também homenageou Cenair.
Filho de família extensa, praticamente todos com o dom musical da voz, desta também reuniram-se no entorno da imagem do parente ilustre.
Ai, um grande número de pessoas se viram motivados a participar da homenagem que acabou se transformando em uma linda festa.
O local do evento, bastante amplo, terá em seu projeto outras obras que deverão serem aí realizadas para conforto da comunidade e entretenimento dos visitantes.
No palco, além da família Ortaça e Maicá, artistas disputavam espaços para poderem se apresentar e os presentes puderam, a maioria, se deliciar com um gostoso pedaço de torta.
Dos convidados nem todos puderam apresentar sua arte e fazer no canto ou na poesia a sua homenagem à Cenair, mas foi os Maicás e os Ortaças que levantaram o grito da plateia com a imagem do homenageado aí perto como que a observar, certamente feliz.
Nas mídias do Liberdade – O Jornal, vídeos com depoimentos, imagens dos presentes, do evento podem ser conferidas em nossos endereços.
Mídias de vários lugares se fizeram presentes, convidadas e citadas, mas desta mídia, outra vez, nada. É a cultura local, deles. Não á de modelos como Cenair que cantou o povo, principalmente os mais simples.
E, talvez por isso alguns tem dificuldades em entender porque dar a Cenair a referência de “cantor das águas”, embora em sua obra tenha tratado mais do trabalhador envolvido na travessia do nosso rio Uruguai a medida que o artista associa e certo as “duas pátrias” ou mais.
Cenair deve ser lembrado como “cantor do povo sujeito” a seus mandatários, inclusive até os dias de hoje.
Cenair, destemido e com coragem fez as mais latentes referências a vida sofrida de sua gente, em um mundo ou em um espaço que estes ainda são praticamente reprimidos a altura do desejo de quem os ainda manipulam a reveria de suas próprias vontades.
Na homenagem, também àqueles, os maiores merecedores de crédito do artista, os remanescentes índios ou descendentes deles que já evoluíram para ter uma base alimentar mínima, calçar uma proteção para os pés e já avançarem dentro do espaço que eles, os senhores de engenhos e proprietários das engenhocas ainda lhes permitam.
Cenair Maicá é parte diferenciada no contexto missioneiro.
De Valdomiro a Patrício, a grande família se destaca não só pela voz maravilhosa, mas pela sutil capacidade de brincar, de fazer as plateias se sentirem livres, mesmo que aprisionadas não pensarem nos alambrados.
Cenair que em vida enfrentou dificuldades, com muito pouco apoio inclusive, destacou-se por sua capacidade e luta e acabou deixando cedo este território que demanda tanto por vozes valentes e de valorização da liberdade e busca da justiça social.
Cenair foi cedo, mas deixou sua obra e, mantê-la estreita e estritamente vinculado ao conteúdo real do sua mensagem é tarefa que se impõem a todos àqueles que entendem de fato para quem e para que ele lutou.